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Estudo da UNIFAL‑MG sobre mudança no uso da terra recebe prêmio nacional

Pesquisa que analisa o avanço das monoculturas em Poços de Caldas conquista terceiro lugar no 22º Congresso Nacional de Meio Ambiente

UNIFAL‑MG conquista destaque no 22º Congresso Nacional de Meio Ambiente (Foto: arquivo pessoal)

Um trabalho desenvolvido por mestrandos e graduandos do Instituto de Ciências da Natureza (ICN) e do Programa de Pós‑Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) da UNIFAL‑MG foi premiado com a terceira colocação no 22º Congresso Nacional de Meio Ambiente (CNMA 2025). A edição de 2025 do congresso ocorreu de 7 a 10/10 no Palace Casino, em Poços de Caldas.

O artigo “Séries temporais de uso e cobertura da terra aplicadas à dinâmica agrícola na microrregião de Poços de Caldas (MG)” foi elaborado pelos mestrandos Igor Cardoso Silva, Caio Tavolaro Melo, Letícia Lopes Rosa e Silva e Natãn Rômulo Ramos da Costa (todos do PPGCA), pela graduanda Monique Tereza Azola (curso de Ciências Biológicas – Bacharelado) e pelo professor Rodrigo José Pisani (docente do ICN na área de Geotecnologias). A comissão científica do CNMA selecionou o trabalho como um dos cinco melhores artigos de 2025 e ele fará parte do e‑book oficial do congresso, que reúne as pesquisas de maior destaque.

Igor Cardoso Silva foi o responsável pela apresentação do trabalho no evento (Foto: arquivo pessoal)

A motivação do estudo partiu do desenvolvimento do projeto de pesquisa do orientador intitulado Geotecnologias aplicadas às transformações espaço temporais na Mesorregião sul e sudoeste de Minas Gerais. Para isso, os pesquisadores usaram geotecnologias e séries temporais de dados do projeto MapBiomas. A equipe aplicou essa abordagem para identificar e analisar as transformações no uso da terra na microrregião de Poços de Caldas no período de 2003 a 2023.

Além de observar o avanço das culturas temporárias de soja e milho, o estudo investigou se a expansão das monoculturas pressiona áreas de vegetação nativa, substitui pastagens e quais impactos socioeconômicos podem decorrer dessa mudança. Para Igor Cardoso Silva, a pesquisa evidenciou que “a dinâmica da agricultura mudou muito em uma região tão próxima de nós; as pressões do mercado externo moldam as relações econômicas e até mesmo a paisagem”. O mestrando ressalta também a importância de sensoriamento remoto e geoprocessamento como ferramentas para monitorar as alterações no uso e ocupação da terra e fomentar práticas de manejo sustentáveis.

Principais resultados

Segundo dados fornecidos pelo professor Rodrigo, a equipe constatou que a microrregião de Poços de Caldas passou por uma profunda transformação em duas décadas. “As culturas temporárias (soja e milho) praticamente dobraram de área. Em 2003, essas lavouras ocupavam 19 956 hectares; em 2013, 27 729 hectares; e em 2023, 42 106,75 hectares, tornando‑se a principal atividade agrícola. O café, que historicamente predominava na região, registrou crescimento de 25,6 %, evoluindo de 31 193 hectares em 2003 para 38 598 hectares em 2013 e 39 053 hectares em 2023”, explicou o docente. A imagem abaixo mostra a evolução:

Para o professor Rodrigo, esses números demonstram a rápida substituição de outras atividades agrícolas pelas monoculturas e reforçam a necessidade de avaliar impactos ambientais e sociais. O docente acrescenta que a intensificação do cultivo de soja e milho está ligada à alta demanda internacional e ao aumento de preços das commodities, aspectos que incentivam produtores a ampliar suas áreas de plantio.

Na avaliação do docente, a premiação demonstra a relevância de envolver alunos da graduação e da pós‑graduação na produção científica. Ele considera que “o trabalho alerta a sociedade para o fenômeno da mudança de paisagem na região”, contribuindo para discutir práticas de manejo sustentáveis e políticas públicas. “É gratificante ver o envolvimento dos discentes de graduação e pós‑graduação nessa pesquisa feita a muitas mãos; o reconhecimento em um evento nacional coroa todo esse processo”, afirma.

Para a equipe, o resultado obtido no CNMA incentiva novas perguntas e desdobramentos. Entre elas: como a expansão da monocultura afetará a biodiversidade regional? Será que a agricultura avançou sobre vegetação nativa ou apenas substituiu pastagens? Quais consequências socioeconômicas o avanço da soja e do milho trará para as comunidades locais? O grupo planeja explorar essas questões em pesquisas futuras.

(Foto: arquivo pessoal Igor)

Sobre o congresso

O Congresso Nacional de Meio Ambiente de Poços de Caldas reúne pesquisadores, estudantes, instituições e representantes da sociedade civil. Reconhecido por seu foco na sustentabilidade e na inovação, o evento mobiliza debates sobre educação ambiental, gestão de recursos hídricos e avanços científicos. Nesta edição, foram apresentados trabalhos envolvendo saneamento rural, inteligência artificial e alternativas para adaptação climática.

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