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Pesquisas apontam como a nutrição influencia o cérebro e a função social das abelhas

Estudos desenvolvidos na UNIFAL-MG mostram como dieta, hormônios e genes definem o comportamento das abelhas

  • Lice Pinho Gonçalves
Apiário. (Foto: Arquivo/Grupo de Pesquisa)

Pesquisas realizadas pelo Grupo de Pesquisa Biologia da Socialidade na UNIFAL-MG, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Biociências Aplicadas à Saúde (PPGB), demonstram como a nutrição pode influenciar a formação do cérebro das abelhas e definir se elas se tornarão rainhas ou operárias. O estudo é coordenado pelo professor Angel Roberto Barchuk, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), com a participação das professoras Lívia Maria Rosatto Moda e Juliana Ramos Martins, e busca compreender os processos celulares e moleculares que estão por trás do chamado polifenismo – quando indivíduos geneticamente idênticos se desenvolvem de formas diferentes.

Angel Roberto Barchuk – professor do Instituto de Ciências Biomédicas e coordenador do estudo. (Foto: Arquivo Pessoal)

Segundo o professor, as abelhas-melíferas são um dos exemplos mais fascinantes de como a mesma informação genética pode gerar indivíduos com formas e funções completamente diferentes. Ele explica que como as abelhas rainhas mantêm a função principal de reprodutoras e as operárias assumem múltiplas tarefas, como cuidar da cria, coletar alimento e defender a colônia, o grupo de pesquisadores começou a se questionar como esse “cérebro de operária” se forma.

O resultado das pesquisas vem comprovando que a interação entre nutrição, hormônios, genes e microRNAs pode ser determinante para o desenvolvimento cerebral das abelhas, levando a essa diferenciação de funções. “As abelhas-rainhas recebem apenas geleia real, rica em aminoácidos e energia, enquanto as operárias se alimentam com uma mistura de mel, pólen e secreções glandulares que contém altos níveis de microRNAs, pequenas moléculas capazes de ligar e desligar genes”, informa o professor a respeito do período larval.

Ensaios realizados em laboratório comprovam que os microRNAs controlam a atividade de genes conhecidos como hexameninas. Nas rainhas, os genes são reprimidos, enquanto nas operárias, eles ficam ativos e ajudam no desenvolvimento cerebral distinto. Outro gene que se destaca é o minibrain – essencial na formação de um cérebro mais complexo, crucial para que as operárias realizem múltiplas tarefas.

Grupo investiga como a nutrição pode influenciar a formação do cérebro das abelhas e definir se elas se tornarão rainhas ou operárias. (Foto: Arquivo/Grupo de Pesquisa)

Ao silenciar o minibrain de abelhas em desenvolvimento, cientistas perceberam que os cérebros ficam menores, desorganizados e as células têm um menor tempo de vida. Os resultados de pesquisas como esta contribuem para a compreensão da plasticidade biológica.

Para Angel Barchuk, essas descobertas não apenas ajudam a entender como funcionam as sociedades das abelhas, mas também revelam algo maior: genes muito antigos, compartilhados até com seres humanos, podem ser reutilizados pela evolução para gerar novas formas e funções.

Segundo o pesquisador, esses estudos, aprofundam nossa compreensão sobre a biologia das abelhas e fornecem pistas sobre como genes conservados ao longo da evolução – alguns até associados a doenças humanas, como a síndrome de Down – podem ser reutilizados pela natureza para gerar diversidade funcional.

Outros estudos já estão em andamento. Maria Eduarda de Oliveira Mariano, aluna do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biociências Aplicadas à Saúde, por exemplo, está realizando experimentos de inibição da proteína minibrain para obter evidências funcionais adicionais sobre a função da quinase (proteínas que funcionam como interruptores biológicos) sobre o desenvolvimento do cérebro.

O grupo de pesquisa recebeu financiamentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Vale mencionar que as publicações resultantes das pesquisas estão batendo recordes de downloads e citações, a maioria delas foi publicada no jornal internacional Insect Molecular Biology, da editora Wiley, que, recentemente, assinou um acordo com a CAPES para publicar e disponibilizar sem custo seus artigos.

Pesquisadoras que integram o grupo Biologia da Sociabilidade
Lívia Maria Rosatto Moda
Juliana Ramos Martins
Ana Lúcia Macedo Barbosa
Flávia Cristina de Paula Freitas
Gabriela Helena de Barrios
Izabella Cristina Silva
Maria Eduarda de Oliveira Mariano
Talita Sarah Mazzoni

Para conhecer mais sobre o Grupo de Pesquisa Biologia da Sociedade, acesse aqui.

Acesse também artigos publicados pelo grupo:

:: Minibrain plays a role in the adult brain development of honeybee (Apis mellifera) workers

:: Molecular underpinnings of the early brain developmental response to differential feeding in the honey bee Apis mellifera

:: Caste-specific gene expression underlying the differential adult brain development in the honeybee Apis mellifera

:: miRNA-34 and miRNA-210 target hexamerin genes enhancing their differential expression during early brain development of honeybee (Apis mellifera) castes

Lice Pinho Gonçalves é acadêmica do curso de Gestão Ambiental e Sustentabilidade (EaD) na UNIFAL-MG, campus Poços de Caldas, e bolsista do projeto +Ciência, cuja proposta é fomentar a cultura institucional de divulgação científica e tecnológica. A iniciativa conta com o apoio da FAPEMIG por meio do Programa Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia para desenvolvimento. Lice é também técnica em Meio Ambiente, licenciada em Pedagogia e especialista em Neuropsicopedagogia e em Teatro e Educação. 

*Texto elaborado sob supervisão e orientação de Ana Carolina Araújo

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